Foto de um beijo na cidade do amor, Verona, em frente ao seu monumento simbólico: a Arena. Uma imagem que, como tantas outras, foi partilhada nas redes sociais no passado dia 17 de novembro por uma das duas retratadas, acompanhada da frase, rodeada de dois pequenos corações, “Beijar-te é como estar em casa”. O publicar no Facebook, até hoje, sexta-feira, 22 de novembro, há 591 comentários, muitos dos quais são ofensivos, vulgares, ultrajantes, outros até se atrevem a ser “raciocinados”, aliás todos os deslocados são essencialmente homofóbico.
A foto em questão, aliás, retrata um beijo entre dois homens, dois meninos se você olhar de perto, um dos quais decidiu não deixar o incidente passar em silêncio. Então, alguns dias depois, Max quis publicar em seu perfil no Facebook um colagem com alguns dos piores comentários recebidos, mostrando os nomes e, muitas vezes, apelidos, de quem mais uma vez escolheu a pior forma de usar as redes sociais.
Há quem escreva “palhaços exibicionistas”, “vocês dão nojo ao mundo, mil vezes de vergonha”, ou ainda “casal lindo e vomitando”. Alguém os convida a saltar para o Adige, outros desejam “filhos homens” e pedem provocativamente para serem atualizados sobre a “primeira gravidez”. Depois, há os “raciocinadores”, aqueles que argumentam e se levam muito a sério: «Duas barbas se beijando me dão voltas no estômago, – escreve um usuário do Facebook – se você não quer opiniões negativas, não se exponha, não’ Não se coloque na vitrine, tudo que está exposto é criticado, na sua casa faça o que quiser.”
Max, um jovem de trinta e cinco anos que vive e trabalha em Modena, também respondeu a todo este ódio com uma entrevista concedida ao jornal Il Resto del Carlino, em que diz: «É a primeira vez que algo assim me acontece. Não são os insultos dirigidos a mim que me irritam; Aos 35 anos não me importo com os pensamentos dos outros. A ideia de que estas frases talvez sejam dirigidas a um menino que tem medo de se declarar me incomoda.” Max citou então um filme recente, que por sua vez foi baseado numa história verídica: «São frases que conduzem a situações dramáticas: o filme acaba de ser lançado no cinema O menino de calça rosa o que deixa claro quais poderiam ser as consequências de tais comentários. Gestos de ódio e discriminação – sublinha Max – podem destruir a vida de um menino”.
Na mesma entrevista, o cidadão de Modena, de 35 anos, fez saber que estava a pensar na possibilidade de apresentar uma queixa formal contra todos os utilizadores que comentaram a foto de forma tão prejudicial e violenta. Isto, explica Max, «não tanto para mim, mas sobretudo para proteger aqueles “depois de mim”, os jovens e todos aqueles que não se sentem livres para publicar o amor de alguém, seus sentimentos.” Entre as centenas de comentários à foto há também numerosos comentários de solidariedade, que o próprio Max não deixou de sublinhar: «Muita gente tomou a nossa defesa e isso me deu conforto, mas que em 2024 ainda temos que lutar contra eu honestamente, não esperava essas situações, esses comentários sérios e homofóbicos.”